A religião e sua influência no comportamento humano e social

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O tema é polêmico e gera muitas discussões, mas num mundo onde cada vez mais as pessoas fazem propaganda das suas crenças religiosas e, ao mesmo tempo, nunca se viu tanta desonestidade, maldade e crueldade, creio que haja algo de errado nisso.

Não sou contra ou a favor de nenhuma crença religiosa, mesmo porque, já frequentei algumas por muitos anos e, inclusive, nutro um sentimento de simpatia por algumas questões religiosas, mas por outro lado, não dá para ignorar muitos outros aspectos.

Esse assunto já é polêmico há muitos séculos ou mesmo milênios, afinal, foi a religião a causadora de muitas guerras e mortes, perseguições, entre tantos outros episódios obscuros da humanidade.

Já vou logo adiantando que se você busca um texto reconfortante para seu lado espiritual, pare a leitura por aqui, pois meu objetivo não é o de escrever longas palavras de autoajuda, que irão elevar seu espírito, mas sim, refletir sobre o efeito devastador de uma crença sem o senso crítico necessário.

Vejo que estamos vivendo um período de alienação coletiva, onde as pessoas jogam todos os seus sentimentos para cima da religião, sejam esses sentimentos bons ou ruins e, em nome dessa mesma religião, se acham no direito sagrado de fazer o que bem entendem. Não generalizo, não digo que são todas, mas boa parte das pessoas age dessa forma e isso, ao meu ponto de vista, se traduz num risco muito grande, pois nada mais passa a ser da responsabilidade de cada um de nós. Se algo bom nos acontece, foi merecimento divino, por outro lado, se foi algo ruim, foi uma provação, Deus quis assim. Será mesmo? Fica muito fácil achar que o destino de uma criança que é raptada, estuprada e morta tinha que ser assim, pois era da vontade dEle. Acho isso de uma insanidade sem tamanho! Será que se fosse com alguém da sua família o seu sentimento seria o mesmo? Quer dizer que quando é para o seu lado, a justiça tem que ser feita, mas quando é para os outros é o famoso “é assim mesmo, tinha que ser”?!

Eu acredito em Deus sim, mas num Deus bem diferente desse ser rancoroso, impiedoso e cruel que muitos querem me fazer engolir e, para constar, não engulo. Deus, Cosmo, Força Divina, seja lá qual for a denominação que a Ele você dê, não pode ser um ser que arma a mão das pessoas, aliás, nós em nossa suma ignorância, humanizamos tanto Deus que ele já passou a ter todas as nossas imperfeições e, muitas vezes, penso é que Ele é que foi criado a nossa imagem e semelhança e não o contrário. Gosto de pensar que existe algo além dessa vida, gosto de pensar que existe uma energia cósmica que a tudo vê e sente, gosto de pensar que alguém está sempre nos ajudando, mas não gosto de pensar que esse ser é conivente com os despautérios que vemos ultimamente!

Convivo com muitas pessoas ditas religiosas, que “temem” a Deus, o que para mim já é uma insanidade, pois se você teme você não segue, você tem medo e, por medo, ninguém faz nada espontaneamente e sim, sufocam sentimentos, reprimindo-os, no entanto, estes quando voltam, voltam com uma fúria incontrolável. Quando me perguntam se eu “temo” a Deus minha resposta sempre é a mesma, “não, eu temo quem teme a Deus”, pois para mim esse ser já se perdeu nos seus conceitos há muito.  Marx já disse que “a religião é o ópio do povo” e, embora não me considere ateu, partilho dessa ideia. Quer saber o motivo?

Em nome da religião se cometeram as maiores atrocidades que a humanidade já presenciou, em nome da religião se condena, se exclui, se mata, se castiga, entre tantas outras atrocidades. Hoje posso afirmar, categoricamente, que as pessoas mais desajustadas com as quais tenho que conviver, se declaram religiosas. Seguem os preceitos à risca (segundo elas). Sabe o que é muito engraçado? Os ensinamentos que elas partilham não falam que não se pode ofender as outras pessoas o tempo todo, não falam que humilhar não é certo. De que adianta viver num templo e não ter um mínimo de respeito pelo seu semelhante? De que adianta ter uma bíblia sobre a mesa, mas não ter nenhum ensinamento no coração? De que adianta temer a Deus, mas maltratar todo mundo ao redor? Hipócritas! Falsos profetas, como já previu Jesus. São os famosos “túmulos caiados”, ou seja, por fora, bonitos, mas cheios de podridão por dentro!

Também partilho da opinião de que a questão não é como as pessoas podem ser boas sem religião, mas sim, como podem ser tão más e perversas pertencendo a uma! A religião passa sim a ser o ópio quando traz a alucinação ao ser, a alucinação de que ele é melhor do que o outro, de que ele é humilde, que não tem orgulho, mas ostenta um carro imponente, que constrói uma casa muito maior do que a sua necessidade. Isso é errado? Penso que não, não teria problema algum se isso fosse fruto do seu trabalho honesto, fruto de um trabalho digno, mas não me venha com esse papo de que não tem orgulho, por favor!

Outro ponto que também acho bastante interessante. A pessoa apronta uma vida toda, comete todos os tipos possíveis de “pecado” e, depois, para buscar ter paz, se joga de cabeça numa crença e, num passe de mágica, tudo está resolvido. Até estaria, afinal, todo mundo tem direito a uma segunda, terceira ou quarta chance, afinal, o que importa é progredir e não acho que essa pessoa não tenha o direito de mudar, só não tolero o fato de sair criticando os outros e esquecendo, com isso, todo o seu passado nada limpo, como se fosse um ser superior e que se coloca na posição de julgar. Mais uma vez: HIPÓCRITAS. Que atire a primeira pedra quem não tiver pecado algum.

Diante de tudo isso e muito mais é que, como disse acima, partilho da ideia de que a religião acaba se tornando o ópio do povo, pois acaba fazendo com que muitos percam o senso crítico (principalmente em relação a si próprio), que comecem a julgar nos outros aquilo que os próprios não fazem e, mais alucinante ainda, que se julguem salvos.

Tire os ensinamentos do discurso, tire a palavra Deus, Jesus, Jeová ou que quer que seja da boca e coloque o sentimento em seu coração, pois isso muda, do contrário, o inferno também te aguarda.

Particularmente, não vejo nada dessa forma, não acredito no céu e inferno no sentido como muitos acreditam, pois vejo que tanto o céu quanto o inferno já habitam meu íntimo a vida inteira. Não acho que vou ser condenado a nada que não seja minha própria consciência, que já é implacável e me aponta todos os dias o que faço de correto ou não. Não tenho vergonha dos meus erros e também não preciso me esconder atrás de um manto sagrado, posso até não guardar os sábados, mas procuro viver a cada dia da melhor forma possível, procuro semear o amor ao invés do ódio, procuro despertar no outro o melhor dele e não o pior, sempre que possível procuro exaltar as qualidades ao invés dos defeitos, o que não me impede de vê-los, mas se eu não puder ajudar, também não preciso criticar.  Por questões profissionais, muitas vezes a pressão se faz presente, mas prevalece a boa educação, afinal, “endurecer sem perder a ternura” é possível sim.

Não me considero uma pessoa religiosa, no sentido literal da palavra, mas naturalmente muitas características da minha personalidade foram moldadas segundo alguns preceitos religiosos, mas um preceito que acho importantíssimo e que não tem ligação com qualquer crença, mas sim com o caráter de cada um é a boa educação. Ser educado, cordial e gentil não depende de nada além do seu caráter, da sua retidão, coisa que muitos ditos “religiosos” nem fazem ideia do que seja.

Você só sabe cobrar com humilhação? Você só sabe se enaltecer menosprezando os outros? Você não tem respeito por nada e nem por ninguém? Gosta de expor os outros a situações vexatórias, mas se sente um “temente”. Certamente que minha opinião não será importante, afinal, vem de alguém que está condenado ao inferno (pelo menos na sua visão), mas a boa notícia é que se eu for para o inferno (sim, existe a possibilidade de eu não ir), nos encontraremos por lá, pois no seu caso eu não tenho dúvida alguma de onde passará sua eternidade.

Você segue uma religião? De coração, não tenho nada contra, mas faça da sua fé algo que te torne melhor e não um mero discurso hipócrita e que acaba com a paciência de todos ao seu redor. Não aguento mais ver no Facebook os famosos selos “quem ama a Deus compartilha, senão ignora”. Prove que você ama a Deus compartilhando bons sentimentos com os demais, compartilhe o seu melhor lado, compartilhe a boa educação, o caráter, pois isso sim vai provar seu amor e não um gesto desconexo. Você não acredita em Deus? Também não tem problema, substitua a palavra Deus por respeito e boa educação e todos os preceitos aqui discutidos permanecem inalterados. O que muda são somente as denominações, mas a ideia é sempre a mesma e pouco importa como você chame essa ideia, mas sim o que você sente por ela.

Em minha opinião, eis o que o mundo precisa:

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