Reflexões da meia idade
Nascer, crescer, sonhar
Sonhar em ser médico, astronauta, piloto, cientista, alquimista
Mudar o mundo
Revolucionar, contestar, conquistar
Planejar, estudar, não se acomodar
Mas a vida rapidamente vai passando
Transformando, frustrando, amargurando
O jovem sonhador se afoga na dor
O idealista se torna realista
Cruel, amargo como fel
De baixo do mesmo céu, apenas indiferença, descrença, desavença
Viver? Sobreviver? Existir ou apenas seguir?
Seguir se acostumando com a apatia, a nostalgia
Vivendo, enfraquecendo e morrendo
Estupidamente reclamando, mas aceitando
Calando os sonhos, os desejos, os ideais
Que como frágeis cristais, batidos, são moídos
Diminuídos a fragmentos perdidos
Por trás de tanta fragilidade há tamanha debilidade
Crueldade, da humanidade e sua insanidade
O insano desejo de ter!
E temos?
Temos sonhos empacotados, moldados, enlatados
Talentos criativos embutidos em metas mensuradas por clicks de mouses
Grandes potenciais afogados em mananciais de estúpidos capitais
A dor busca refúgio no louvor
Mas tudo tem valor capital e até a busca ancestral, do divino
Está nas mãos de tem quem tem tino comercial, imoral
O que era para ser um discurso de amor, com fervor, se transforma em rancor
Pútrido, pérfido
O capital, vil metal, raiz de todo mal, reina absoluto
E o Homem resoluto, mergulha no luto e morre lentamente
Diariamente, ironicamente, esperançamos mais amor
Mas nos resignamos na dor
E aceitamos, enfim, o fim.


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