Despedida difícil

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Hoje faz um ano que você partiu. Hoje, depois de um ano, estou tentando escrever alguma coisa sobre você, pois com sua partida, um pedaço de mim também se foi.

Hoje faz um ano que senti você em meus braços pela última vez e foi nos meus braços que você deu seu último suspiro e descansou. Eu sei que esse é o pior momento seu para recordar, mas é difícil esquecê-lo.

Meu coração aperta quando ainda lembro da sua carinha, na sua última ida à clínica. Você estava mais leve, embora toda sua dor, você estava sorrindo. Eu sei que você sabia que seu sofrimento estava no fim e parece que você fez isso para deixar nossos corações mais leve, mas como é difícil.

Te segurei nos meus braços, te abraçando o máximo que consegui e você estava tranquilo, calmo. Aos poucos fui sentindo você soltando o seu peso em mim. Você partia dessa vida e, pela primeira vez, partia meu coração.

Eu sei que não tinha mais o que fazer, que você estava sofrendo muito e que deixá-lo partir seria um descanso para você e seu comportamento deixou isso claro, parecia que você estava nos dando seu último recado: “eu estou bem”

Voltar para casa sem você foi a pior sensação em muitos anos. Entrar e encontrar suas coisas ainda espalhadas, mas saber que eu nunca mais iria te ver rasgou um pedaço da minha alma.

Você foi meu melhor amigo, meu confidente em tantas situações, quantas angústias eu compartilhei com você e você sempre ficou atento me ouvindo.

Sua chegada em nossas vidas aconteceu num momento em que estávamos tentando nos reerguer de uma grande perda, também insuperável e você nos trouxe alegria, com sua personalidade desajeitada, muito parecido comigo, sua rabugice, suas reclamações, tem horas que penso que você era a minha miniatura canina.

Até hoje sinto sua presença, sonho com você. Entendo que pode ser meu cérebro buscando formas de lidar com a dor da sua ausência, mas queria acreditar que você ainda está por perto, de alguma forma.

Tivemos tantos bons momentos, tantas risadas, tantas situações inusitadas, pois você sempre foi muito cheio de personalidade e eu me divertia com isso, a despeito das nossas DRs na rua, que rolavam de vez em quando.

Sinto falta das suas patinhas me acordando de manhã, pedindo para sair fazer xixi. Sinto falta de você ao lado da mesa, só aguardando terminarmos o café para querer seu pedaço de pãozinho, que você tanto amava. Sinto falta de olhar para o lado da minha cadeira de trabalho e ver você deitado, colado nela, que eu não podia nem me mexer para não te incomodar.

Talvez o tempo ajude a amenizar essa dor, mas deixar de senti-la, nunca deixarei. Você foi único e muito especial.

Falo (escrevo) como se estivesse falando com você, pois na minha cabeça você está por aqui, me ouvindo, encostando sua cabecinha na minha perna. Como dói.

Hoje eu já consigo lembrar dos bons momentos, até dar risada lembrando deles, mas hoje a coisa está pesada.

Obrigado pelos 14 anos que passamos juntos, pelos 14 anos de amor e cumplicidade.

Não sei mais no que acredito ou deixo de acreditar, mas do fundo do meu coração, gostaria muito de um dia ainda te encontrar novamente, te dar um abraço bem apertado, daqueles que você detestava e tentava escapar.

Você sempre será insubstituível, mas quero te contar que hoje temos uma gatinha, que aliás, tem horas que acho que é você que voltou nela, pois vocês têm tanto em comum. Delírios? Devaneios? Certamente, mas sempre buscamos algo para nos dar forças para continuar e ela está nos ajudando muito.

Se você puder realmente me ver e ouvir, peço perdão pelas minhas lágrimas, que ainda caem, mas te digo mais uma vez aquilo que foi a última coisa que disse no seu ouvido: “eu te amo”.

Sempre te amaremos, não importa o tempo que passar. Um abraço do papai e da mamãe e até algum dia, Beethoven.

 

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