Coragem para Mudar

Promover  mudanças em nossas vidas não é algo fácil.  Mudar significa partir de um local conhecido para outro desconhecido, ainda a ser explorado, fato que gera dúvidas, medos e, em alguns casos, paralisa. O mundo está em constante mudança, nós estamos em constante mudança, queiramos ou não. Resistir a isso é inútil.

Entretanto, por mais que seja um movimento natural, a grande maioria das pessoas não está acostumada e não aceita o processo de mudança com naturalidade, não somente a própria mudança, mas também a do outro. É muito comum os olhares de espanto ao perceber que  você mudou, fazendo parecer que existe uma obrigação velada de que tudo sempre continue como sempre esteve, pelo restante da eternidade, mas isso não acontece. Algumas mudanças podem demorar mais, outras menos, mas o fato é que nada hoje é igual a ontem e que não será igual amanhã. Sendo assim, de onde vem todo o medo de mudar?

Penso muito sobre isso. Como ser humano, claro que tenho minhas reservas e restrições, pois isso faz parte do nosso próprio instinto de defesa e de sobrevivência, mas por que relutar para sair de uma situação ruim? Não, definitivamente, esse medo eu não tenho.  Se você nunca ouviu alguém lhe dizer o famoso “nossa, como você mudou!”, preocupe-se, pois isso é sério! Ainda que essa afirmação tenha sido feita em tom de crítica e acredite, normalmente ela é, aceite-a como um elogio, afinal, até os cadáveres mudam e se transformam, portanto, por que logo você ou eu haveríamos de permanecer estagnados?

Tenho minhas razões para tentar entender porque o processo de mudança incomoda tanto ao outro. Na minha míope visão é porque a minha mudança também vai obrigar o outro a achar outra resposta, ou seja, também vai obrigá-lo a mudar e, talvez, ele não esteja disposto a essa mudança, logo, por puro egoísmo, eu também não posso mudar nada! O problema é seu, vire-se! Como bem disse Raulzito: “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Já passei a aceitar coisas que julgava impossíveis, já refutei crenças que eram intocáveis, já mudei de ideia, de partido político, de emprego, de cidade, pretendo mudar de país, quem sabe até de planeta?! Loucura? Pode ser, mas não faço parte do time dos que acham que precisamos criar raízes. Quem cria raiz é árvore e se fosse para eu ter uma raiz, teria nascido no reino vegetal e não no animal.

O que vou falar agora é um tremendo clichê, mas não achei outra forma: “a vida é muito curta”. Quando penso que já posso ter vivido mais de 50% da minha, isso me assusta um pouco, mas isso é um fato e não tenho como mudar essa situação, mas mudarei  o que posso. Vou morrer tentando, mas nunca parado esperando acontecer. Já tentei ser diferente, já tentei me importar menos com as coisas, já tentei ignorar, mas é inútil, não é a minha essência, me importo, me incomodo, quero mudar tudo o que vejo de absurdo. Eu sei que não vou conseguir, não nasci com superpoderes, mas tentarei enquanto tiver forças.

Não se conformar e tentar mudar as coisas gera algumas consequências. Quando você simplesmente não aceita e quebra padrões de comportamentos, você é olhado de forma estranha, colocado de lado, criticado, principalmente por aqueles que, supostamente, deveriam mais te ajudar, como a família, por exemplo. Diante disso, você sempre terá duas escolhas: ou aceita essa exclusão natural dos acomodados e segue seu caminho, ou também se acomoda. A escolha é só sua, as consequências dela também. Não espere que qualquer uma delas seja fácil, pois não será.

Quem se importa menos, sofre menos. Pode ser verdade, não discordo, mas será que vale à pena passar por essa vida de forma morna? Nem Jesus teve paciência com os mornos. Novamente, cada um que responda por si, eu tentei, mas não deu certo.

Alguns dizem que essas constantes mudanças são fugas da realidade. Se a realidade for esse conformismo e acomodação, então minha resposta é a de que vou passar o resto da minha vida fugindo, pois não nasci com esse espírito do “é assim mesmo”, que tanto ouvi minha vida inteira.

Quando chegar o momento da minha partida e aquele famoso filminho estiver passando à minha mente, quero ter a consciência tranquila de que tentei tudo o que estava ao meu alcance. Se deu certo ou não, isso faz parte, mas não quero ter aquela dúvida do “e se eu tivesse feito?”. Quero ter a certeza de que tentei tudo o que poderia ser tentado e que valeu à pena tentar, quer seja acertando ou errando.