Despedir-se de alguém nunca é algo simples.
Acredito que não somos preparados para as perdas, de qualquer natureza, mas a vida é esse infinito ciclo de encontros e despedidas.
Despedir-se de alguém que se foi dessa vida dói, mas despedir-se de alguém que ainda vive, talvez seja pior ainda.
Quando você se despede de alguém que se foi dessa vida, restam as lembranças dos bons momentos e a certeza de não mais encontrar a pessoa, portanto, a mesma impossibilidade que assusta, acaba facilitando a aceitação da perda. Não há o que possa ser feito.
Quando você se despede de alguém que está vivo a coisa é mais complexa, pois muitas vezes, sequer boas lembranças sobram. A certeza de não mais encontrar a pessoa não existe, portanto, sempre fica a expectativa de como seria dar de cara com essa pessoa, num lugar inesperado ou numa situação cotidiana.
Estranhos conhecidos. Conhecidos estranhos.
Vivemos tempos difíceis de despedidas. Difíceis, porém, inevitáveis tempos.
É preciso aprender a desapegar, a despedir-se de tudo aquilo que não faz mais sentido, inclusive de pessoas.
Quando nos despedimos de alguém que morreu, não nos é dado o direito de escolha. Quando nos despedimos de alguém vivo, temos esse poder ou essa maldição.
Se não há escolha, jogamos ao acaso, ele decidiu e nos cabe aceitar. Quando há escolha, sobra a consciência nos cobrando e nos trazendo a conta das consequências dos nossos atos.
Quando não mais existir afinidade e humanidade, deixe ir. Deixe-se ir.
Não existe lado certo e lado errado, importa é que os lados não mais se completam e, não se completando, é inútil gastar tempo e energia tentando.
Se sobrou algo de bom, apegue-se a isso, agora, se nem isso sobrou, por que começou?
Divergências sobre visões políticas não precisam afastar ninguém de ninguém. Divergências sobre visões humanas, sim, pois não é fácil falar com quem não vibra nos mesmos padrões que você. A incompatibilidade não é de ideias, é de almas.
Não se incomode em se afastar ou em ser afastado. As pessoas não precisam te aceitar como você é, mas também não podem te obrigar a ser como elas são e, por vezes, a distância é a melhor solução.
Não podemos nunca abandonar quem somos, o que sentimos e aquilo que acreditamos, de resto, tudo é efêmero, frágil e passageiro, até as despedidas dos vivos, que podem se tornar novos reencontros num futuro.
“Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero”
Encontros e Despedidas – Maria Rita
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