Um dia comum na vida de um estressado

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Ele simplesmente não existe!

Como o que não existe? Não leu o título dessa bagaça, não?

Bom, vamos lá. Hoje resolvi contar como é um dia relativamente calmo na vida de uma pessoa estressada, que no caso em questão, sou eu mesmo.

Tenho o hábito de começar o meu dia com uma oração, pois é uma forma de estabelecer uma conexão com algo maior e pedir forças para o dia que se inicia.

Espera, primeira correção, força não, nunca peço força. Peço sabedoria, tolerância, paciência, mas forças nunca, porque o dia que eu tiver força…enfim, vamos lá.

Tem dias que a primeira dificuldade já é a oração, porque em plena madrugada já tem um filho da p***a que passa acelerando a m***a do carro com escapamento f*****o e, com isso, já tira a p****a da concentração.

Também tem aqueles dias que você se levanta e já taca o dedinho na quina da cama. Bom, pronto, aí a oração já foi para o espaço, mesmo.

Tem dias que eu prefiro fazer a oração já saindo de casa, no carro mesmo. Nunca dá certo, porque você está lá: “Senhor, dai-me paciência para….”, para, para…

– Anda logo, lesma lerda! Não está com pressa, sai da frente, ca****o! Bem, desculpa aí, Senhor, voltando: dai-me paciência para conviver com uns filhos @*&#!@%# como esse que acabou de sair da minha frente e…

– A m****a do sinal já abriu, dá para sair desse inferno de celular e andar, p***a!

– Senhor, vamos simplificar: o mesmo de ontem, amém.

Pronto, oração feita, vamos ao dia-a-dia. Tudo vai bem, até que chega a primeira pergunta estúpida. Às vezes, até tento disfarçar a irritação, mas não tem chance nenhuma de sucesso, porque automaticamente o tom de voz atinge o nível de um Airbus A330, o olho fica esbugalhado e a pele, que não poderia ser mais branca, fica vermelha feito sangue.

Essa história de contar até 10 comigo nunca funcionou, já começo logo contando dos 100 e vou até um milhão, mais ou menos, não que resolva, mas xingo menos.

Se tem uma coisa que não sou é falso, até porque, mesmo que quisesse, não conseguiria mesmo, já que a cara entrega.

Coisas que deixam o stress pior: você lá, com aquela cara de bunda e a pessoa te pergunta: está irritado?

Outra coisa comum na vida de um estressado e com certa tendência paranoica é criar diálogos, quer dizer, discussões mentais. Você tem um problema com uma pessoa, imagina o que ela vai chegar e falar alguma estupidez. Por sua vez, você já formula uma resposta perfeita e acaba com a pessoa.

Voltando para a realidade, existem duas possibilidades para essa situação:

Opção 1: A pessoa chega e não fala nada. Você se irrita porque toda a sua história não serviu para nada e fica p***o com a pessoa porque ela não te deixou p***o para você dar aquela resposta perfeita.

Opção 2: A pessoa chega e fala exatamente o que você pensou. Sua raiva é tanta que você esquece tudo o que pensou e só consegue dar uma resposta ridícula e, horas mais tarde, morrer de raiva porque não lembrou daquele roteiro lindo que você criou na sua mente. A vontade é de procurar a pessoa e fazer um adendo.

Vamos falar um pouco dos telefonemas. A pessoa liga para seu número e fala que quer falar com alguém que você nunca ouviu falar.

– Senhor, não conheço essa pessoa, esse número não é o dela.

Ao invés de encerrar o assunto, a pessoa solta a pérola: “Ué, mas será que eu liguei errado?”

– Não, não, fui eu que corri para onde você ligou e atendi, só para poder te falar que eu não conheço a pessoa, mas o número é esse mesmo, espera aí que já vou te passar para ela.

Tudo bem, eu não falo isso, mas eu penso. Aliás, falando em pensar, tem horas que eu tenho medo dos meus próprios pensamentos… é cada coisa legal, enfim, deixa para lá.

Vamos pular algumas partes e ir para a oração da noite.

– Senhor, obrigado por mais um dia de dívida, quer dizer, de vida. Agradeço ao Espírito Santo do Pai do Amém. Não, espera, agradeço a……..

Seis horas da manhã, relógio despertando: “Amém”.

Enfim, você deve estar me achando um doido. Enfim, você não deixa de ter razão, mas é claro que estou dando uma exagerada, afinal, além de estressado, tenho o lado dramático da descendência italiana.

A parte dos palavrões é bem verdade, p***a que pa**iu como falo, mas não é por maldade e nem para ofender, não. Faz parte do jeitão estressado e as vezes eles escapam onde não deveriam e aí f***u.

Se você deu um sorriso ao ler isso, já valeu a pena. A vida já é pesada por demais para levá-la com tanta seriedade.

Que nosso stress nunca seja maior do que a nossa capacidade de rir das nossas próprias desgraças, porque enquanto isso acontecer, apesar dos pesares, ainda estaremos lidando bem com nossos problemas.

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