Tempos Sombrios

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Não sou astrólogo e nem filósofo, mas tenho minhas percepções sobre nossa atual realidade. Confesso que estou assustado.

Não sou das pessoas mais otimistas em relação ao futuro e creio que isso não seja novidade, mas ultimamente, apesar de sempre tentar manter uma visão positiva, ando bastante preocupado e, dessa vez, infelizmente, não estou sendo irônico.

Parece-me que, de uma hora para outra, as pessoas perderam a lucidez de vez. Não são raros os momentos em que me sinto perdido, com medo de estar enlouquecendo, pois recuso-me a acreditar em certas coisas que leio, ouço e presencio.

Fico pensando nas razões para tudo o que estamos vivenciando: a violência desenfreada, a crueldade do ser humano, o mau caratismo de quem se aproveita dos momentos de fragilidade do outro para levar vantagem, dos crescentes caso de escândalos sexuais, dos feminicídios que explodiram, da violência contra os animais, que cada vez mais são atacados covardemente, das crianças que são abusadas por familiares, das pessoas que são expulsas do seu próprio país pela violência e que perambulam mundo afora apenas buscando um canto, mas que são enxotadas de todos os lugares, da crescente desigualdade social, dos que morrem de fome ao passo que tanto outros jogam comida no lixo.

Eu poderia passar horas escrevendo, pois parece que as más notícias não acabam nunca. Diante dessa situação caótica, penso e repenso nas razões que devem existir, pois não acredito no acaso.

Acredito que estamos vivenciando uma grande mudança, uma mudança que mudará os rumos da humanidade, não pelo amor, mas pela dor. Estamos chegando ao extremo do que o ser humano pode aguentar. Muitos não estão aguentando, haja vista a onda crescente de suicídios e de distúrbios emocionais.

Há mais ou menos quatros anos escrevi um livro de ficção, onde descrevi o fim da nossa era. Tem horas que tenho medo do que escrevi, porque parece que a vida começou a tomar o rumo da ficção.

Estamos nos destruindo. Muitos não estão se dando conta, mas estamos nos exterminando. A sensação que tenho é a de que vivemos um grande surto psicótico. A irracionalidade está tomando conta das pessoas, seja em atos, pensamentos e discursos, que aliás, só retratam ódio, intolerância, separatismo e indiferença.

A humanidade está caminhando para o caos, para a desordem. Não é a primeira vez que o mundo passa por isso, certamente, também não será a última, aliás, esse movimento parece ser cíclico e sempre antecede grandes transformações.

Toda mudança causa desordem e é preciso que tudo saia do seu lugar para, posteriormente, se reorganizar. Quando mudamos de casa, sempre aproveitamos para fazer uma faxina e descartamos tudo aquilo que não faz mais sentido em nossas vidas.

Hoje, traço esse paralelo com o universo. Parece que ele resolveu fazer uma mudança, está tirando tudo do lugar, vai se reorganizar e não sei se haverá espaço para tudo novamente depois dessa reorganização.

Esse caos não é necessariamente ruim. É desconfortante, sem dúvidas, mas não necessariamente negativo. Quando estamos sendo incomodados tendemos a mudar e isso está ocorrendo nesse exato momento. Estamos sendo forçados a sair da inércia e não dá para permanecer indiferente.

O caminho que faremos ainda é da nossa escolha, mas sinto que parado ninguém mais vai conseguir ficar. Ou vai por conta própria ou será arrastado.

Pode ser loucura minha, mas quando penso na grandeza do universo me vem uma imagem mental, como se fosse um grande tornado se formando, uma força que não tenho sequer como descrever. Essa tempestade está se aproximando e sinto que nada vai ficar no lugar.  Certamente esse não é um fenômeno físico, não estou fazendo previsões catastróficas para o mundo, mas sinto que esse reboliço será espiritual e vai trazer um estrago tão grande ou maior ao de um tornado físico.

Não acredito no fim do mundo clássico, mas acredito sim, que estamos num grande processo de mudança.

Não há para onde fugir, exceto, senão para dentro da nossa própria existência, buscando refúgio nas boas ações e no amor ao próximo, pois acredito mesmo que é só isso que nos salvará.

Não é a religião que frequentamos, quem somos, o que temos ou o que estudamos, mas sim, única e exclusivamente, o bem que fizemos ao outro e tanto faz quem é esse outro.

Não importa qual injusta e má as pessoas se apresentem, sempre haverá alguém por quem valha a pena lutar. Lute! Não fuja aos impulsos do seu coração, não segue sua essência por conveniência ou para fazer parte da modinha da vez.

Você é aquilo em que você acredita. Seja o que for que você acredite, se apegue a isso e esteja preparado para pagar um preço, pois nada é de graça, por isso, pondere se você poderá viver com sua consciência. Se a resposta for sim, lute!

Os tempos são sombrios, nuvens pesadas se aproximam e não será a estrutura externa que vai te salvar ou não, mas sim a sua estrutura interna.

Termino com uma pergunta muito simples, que não precisa ser respondida a mim, mas pensada por você: como anda a sua estrutura?

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