Um país em ruínas

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O Brasil está ruindo, literal e metaforicamente falando. Nosso país pede socorro.

Os últimos acontecimentos do nosso país chamam nossa atenção, tanto pela magnitude e estragos, quando pelo simbolismo de algo muito maior: estamos ruindo!

Nossas frágeis estruturas não aguentam mais. É possível que tenhamos chegado ao máximo da nossa capacidade de suportar.

Existe uma máxima que diz que as doenças são as exteriorizações das enfermidades da alma. O corpo reflete aquilo que a alma sofre.

Nosso país passa exatamente pelo mesmo processo. Exterioriza, através de fenômenos físicos ou tragédias, as doenças apresentadas pela sua alma, ou seja, nós, a sociedade, que somos a alma desse país.

A sociedade está extremamente doente, falo isso há muito tempo e já escrevi sobre esse assunto dezenas de vezes. Chegamos ao nível de comemorar a morte de alguém, de vibrar quando alguém se sente ameaçado e não se iluda, pois não estou me referindo somente ao recente fato do deputado Jean Wyllys, que até ilustra essa fala, mas não é o único caso.

Uma parcela significativa da sociedade desenvolveu uma sede de sangue que é preocupante. A caça às bruxas foi liberada e qualquer um que pense de forma minimamente diferente é um inimigo declarado. Sendo inimigo, tudo passou a ser permitido, desde ofensas verbais a agressões físicas, passando pelos desejos de morte, que podem ser facilmente encontrados pelas redes sociais, que de sociais não possuem mais nada, tendo em vista que se tornaram o próprio purgatório online, um ambiente hostil e inóspito.

A intolerância prevalece, em qualquer assunto e em qualquer nível. Ter opinião divergente virou crime. O partidão de futebol segue para qualquer área, da política a religião, com torcidas ferrenhas e onde só o seu time é bom e merece ganhar.

Já chegamos ao absurdo de ditos “religiosos” reivindicarem somente para o seu segmento o direito a Deus, sendo os demais, todos preteridos.

Esse adoecimento maciço e gradual está se espalhando igual uma epidemia, contaminando cada vez mais e mais pessoas e, não raro, não deparamos com pessoas que pensamos: “meu Deus, mas até essa pessoa está assim?”.

Esse adoecimento começou a se refletir fisicamente e nossas estruturas não aguentam mais: viadutos entram em colapso, pontes caem, barragens se rompem e, tenhamos certeza, isso é o começo.

Existe um simbolismo muito forte atrás desses fenômenos. Uma ponte que permite o transporte de milhares de pessoas por dia não aguenta, seus pilares cedem e esse fluxo é interrompido, bloqueando ou desviando a ordem das coisas. Mas o simbolismo mais forte é o da estrutura que não aguenta mais, o peso está maior do que a capacidade e a falta de cuidado fez com que ele não suportasse mais exercer a sua função.

Agora, recentemente, mais uma barragem que se rompe e a lama se espalha, com toda sua força, levando rejeitos para todos os lados, arrastando tudo o que estava a sua frente: vidas humanas, animais vegetação, tudo soterrado por um mar de lamas. É a segunda vez que isso acontece e, da primeira para cá, só temos visto o mar de lama moral aumentando. Tivemos o segundo e não será o último.

O adoecimento moral, a ganância pelo poder, o lucro a qualquer custo, tudo isso gera consequências, pois as forças da natureza são muito maiores do que a ganância humana e, de um jeito ou de outro, ela nos recoloca no nosso devido lugar.

Enquanto o homem não retomar o caminho do equilíbrio, tenho plena convicção, esses fenômenos vão acontecer cada vez mais, talvez como um freio natural à loucura desenfreada do ser humano.

É triste, muitas vidas já se perderam e muitas outras ainda vão se perder. Nesse ponto, entra outro dito popular: ou aprendemos pelo amor ou aprendemos pela dor. Creio que nossa escolha já está clara.

Grandes mudanças não acontecem de uma vez, assim como, não chegamos a esse estágio de desequilíbrio de uma hora para outra. Comece a refletir sobre os seus atos, seus pensamentos, tente se recolocar em equilíbrio. Sim, será só mais um, mas se você fizer isso, o seu vizinho também e o outro também, daqui algum tempo, teremos novamente uma sociedade em equilíbrio.

Quando essa ordem começar a se reestabelecer, naturalmente tudo começa a voltar ao seu estágio natural, que é exatamente o equilíbrio. Isso não é místico, mas sim, um fenômeno  físico.

Busque meios para se reequilibrar, faça sua parte, ao menos se as coisas externas ainda continuarem um caos, pelo menos você estará mais resguardado. Não espere pelos outros, você só irá responder por você mesmo.

Esse reequilíbrio a que me refiro está longe de ser somente no campo místico, por favor, não interprete dessa forma. No entanto, quando o ser humano começar a ver que nem tudo se resume a lucro e que o poder a qualquer custo não é benéfico, naturalmente as mazelas sociais que hoje sentimos, começarão a diminuir. Vai demorar muito, tenho plena ciência, mas uma hora precisamos começar.

Foram décadas ou séculos de descaso para com o outro e para com a natureza, ela aguentou por muito tempo calada, mas agora está cobrando e, nessa luta de braço de ferro, uma coisa é certa: vamos perder.

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