Alma Italiana

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Em homenagem ao dia nacional do imigrante italiano, que será comemorado no próximo dia 21 de fevereiro, hoje resolvi falar um pouco sobre como é ter a alma italiana.

Primeiramente preciso dizer que ser dramático faz parte do pacote, exagerado, intenso e nada, absolutamente nada é algo tão simples quanto possa parecer.

Viver a vida de forma intensa, talvez essa seja uma boa definição. O sangue em ebulição que corre pelas veias não permite que nenhum sentimento seja morno. Ama demais, sofre demais, cuida demais, tem raiva demais, daquelas que parece que uma guerra será declarada, mas cinco minutos depois a guerra é cancelada porque sequer o motivo da briga é lembrado.

Também é verdade que alguns ranços vêm de encarnações passadas, é aquela implicância que já nasce no berço e madonna mia, nesse caso, melhor manter uma distância saudável de uns dois continentes.

O choro corre fácil, os olhos estão eternamente marejados e pode ser por saudades de alguma coisa que nem sabemos o que é, por lembrança de um ente querido que se foi ou pelo comercial de margarina. As emoções estão sempre à flor da pele e tudo é passional!

Assim como o choro fácil, igualmente o riso aparece, tão escandaloso quanto o choro, pois lembre-se, nada é morno. A nostalgia é um sentimento que já vem de fábrica e é praticamente uma marca de nascença.

Onde houverem dois ou mais descendentes de italianos reunidos, aí haverá um tumulto. Não porque eles estejam brigando, mas porque o mundo acha que eles estão se matando, mas não, é só um bate-papo normal entre amigos.

Se você tiver que fazer um italiano ficar quieto, amarre-lhes as mãos. Na hora das refeições, por questões de segurança, também é melhor manter uma distância de meio metro um do outro, pois é comum facas passando, nas mãos voando, enquanto simplesmente se conversa, aos gritos, é claro.

A comida nunca será suficiente. Se não sobrou, você não fez o quanto deveria ter feito e, se não repetiu o prato umas três vezes é porque não gostou. Quebrar o macarrão é uma heresia e misturá-lo com arroz ou feijão é pecado mortal.

É falar palavrão o tempo todo, muitas vezes até para expressar carinho. A dica para diferenciar um xingamento de um elogio é olhar nos olhos, se estiver marejado, é carinho, porca miséria! Agora, se tiver sangue nos olhos… bem, fuja!

Daria para passar horas escrevendo, mas é desnecessário, pois não existem palavras suficientes para expressar o que é carregar esse sangue nas veias. O exagero e a intensidade fazem parte e isso causa alguns problemas, até de saúde, mas se quer saber, acho que nem saberia viver de outro jeito, pois teria que trocar de alma e isso não dá.

Se você convive com uma pessoa que tem a alma italiana, deixo algumas dicas: falar alto não significa estar nervoso, chorar por tudo ou por nada é normal, reações equilibradas não fazem parte do perfil, ignorar algo que incomoda é impossível, tudo vai doer mais, tudo vai causar mais sofrimento, mas se você tiver paciência, também terá muito amor, companheirismo e cuidado, pois não só as coisas negativas que são exageradas, as boas também!

Em minhas orações, agradeço aos meus nonnos, que saíram de uma cidadezinha, província de Veneza e imigraram para o Brasil, como muitos, fugindo da guerra e aqui se estabeleceram. Gratidão a todos os nossos ancestrais italianos, que imigraram para o mundo todo e espalharam e multiplicaram esse sangue quente, passional, mas de muita fibra, garra e amor pela vida!

 Funiculi Funicula

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