Você assume suas responsabilidades? Você é o responsável pelo que te acontece?
Esses são questionamentos muito pertinentes nos dias atuais, pois a maioria das pessoas acabaram se esquecendo de que nós somos os únicos responsáveis tanto pelo nosso sucesso quanto pelo nosso fracasso.
Alguns autores e pensadores afirmam que vivemos a era do conhecimento. Eu, em minha humilde opinião acredito que ainda não chegamos a esse ponto e vou explicar porque acredito nisso. Para mim, no máximo, estamos na era da informação, mas não do conhecimento.
Quando navegamos pela internet nos deparamos com conteúdos de todos os tipos, somos inundados por textos e mais textos, pensamentos e mais pensamentos, no entanto, a grande maioria das coisas que lemos, ouvimos e compartilhamos não é conhecimento e sim, somente informação. E ai você pode se perguntar, mas qual é a diferença? Existe sim e é grande.
Por informação vamos entender exatamente o que vivenciamos, como por exemplo, você leu sobre um assunto que nunca tinha lido, encontrou uma palavra que não sabia o que significava e foi buscar, no Google, por exemplo. Nesse momento você adquiriu uma informação. Suponha que você não entende absolutamente nada de medicina, mas pegou o seu exame laboratorial e viu lá umas palavras que não entendeu. Suponho que pelo senso de curiosidade inerente ao ser humano, você vai pesquisar e em alguns cliques descobriu o que significa, no entanto, isso é somente informação, pois você ainda não sabe o que fazer com isso e também não tem competência, no sentido literal da palavra, para se medicar ou se tratar, pois isso faz parte do conhecimento, que somente os médicos e especialistas da área o possuem.
Conhecimento é muito mais que informação, conhecimento significa saber aplicar a informação que você tem para algo maior, como por exemplo, mudar algo em sua vida, seja essa mudança pessoal ou profissional.
Quando você lê um livro você adquiriu informação, que passará a ser conhecimento a partir do momento que você absorva o que leu e passe a aplicá-la em sua vida, juntamente com sua experiência de vida, sua bagagem individual, ajudando a construir um novo conhecimento, que normalmente abre novos horizontes, novas perspectivas de vida. Se isso não ocorreu, você ficou parado na fase da informação, que por si só, não serve para muita coisa.
Dito isso, vamos falar um pouco sobre nosso pseudoconhecimento e vamos falar focar isso nas redes sociais, local onde todos são grandes “pensadores” e “filósofos”. Como atualmente a rede social mais conhecida é o Facebook, vamos falar um pouco dele e de como as pessoas se mostram em sua essência, embora, muitos nem tenham essa percepção.
Particularmente, vejo o Facebook como uma divisão de dias e comportamentos, mais ou menos assim:
- Segunda-feira: dia que pode ser classificado como a “extinção da vida inteligente na terra”. Todos estão extremamente cansados, arruinados, sufocados, sem nenhum humor e só reclamam do emprego, da vida, do governo, enfim, é o dia da catarse.
- Terça-feira: alguns seguem reclamando e outros já começam a vislumbrar a próxima sexta-feira. Imagens de bichinhos fofos começam a aparecer e todos buscando visualizar a sexta-feira, que ainda está longe.
- Quarta-feira: é o dia do jogo de futebol. Aparecem os torcedores fanáticos e os lunáticos (que como eu, nem sabem a escalação do próprio time), mas aproveitam para dar umas alfinetadas nos adversários, em alguns casos, com comentários bem infelizes e racistas. Vejo isso como mais um pouco da catarse.
- Quinta-feira: é um dia que não existe. A coitada é ignorada sumariamente, pois todos já estão conseguindo ver a sexta-feira, só falam da sexta-feira, só vislumbram o final de semana e a pobre da quinta-feira, passa ignorada totalmente.
- Sexta-feira: é o dia mais querido e aguardado por todos. Aparecem crianças dançando, bichos pulando, nesse dia até os animais falam sobre a sexta-feira, como se entendessem isso. Também ocorre toda a programação do final de semana, festas, amigos, churrascos e todos passam o dia em contagem regressiva para o final do expediente.
- Sábado: Postagem de fotos na praia, nos churrascos, almoço de família, etc. Nesse dia todo mundo é feliz e os problemas desaparecem como num passe de mágica, podemos dizer que o mundo é perfeito e todos são felizes.
- Domingo: Tensão generalizada, afinal, a segunda-feira se aproxima. Angústias, depressões, desesperos e pedidos exasperados para que o domingo passe bem devagar. Muitos já começam a chorar que o final de semana está acabando.
E o ciclo se repete. Como sou da área de tecnologia, costumo dizer que essa situação entra num estado não esperado de programação, que é o loop infinito, ou seja, repete-se eternamente.
Voltando ao foco desse texto, vocês acham que isso demonstra a fase de conhecimento do ser humano? Se demonstrar, quero mudar de planeta!
Não sei se é uma visão pessimista ou realista da situação, mas para mim, a grande maioria continua estacionada na idade jurássica, apenas mudando o nome das coisas, mas o comportamento ainda é o mesmo.
Outra situação interessante nas redes sociais é comportamento frente às dificuldades, que naturalmente não é exclusivo da rede social, mas é onde as pessoas demonstram aquilo que são, sem nenhum pudor. Quando algo dá certo, legal, batalhei por isso, mérito meu, merecimento, etc e tal. Já quando dá errado…..sempre alguém tem que levar a culpa e ai a metralhadora gira para todo lado: governo, sociedade, amigo, inimigo, pai, mãe, cachorro do vizinho, enfim, qualquer um é responsável pelo meu fracasso, menos eu mesmo, que não tenho maturidade emocional para admitir que não sou perfeito e que se algo não funcionou é porque EU não tive capacidade para fazê-la funcionar. Para mim isso é comportamento típico dos fracos, que sempre estão esperando algo ou alguém, bem ao estilo “A espera de um milagre”. Isso quando a culpa não é do “olho gordo” dos outros… nesse caso, prefiro nem tecer comentários.
Está indignado com a política, com o emprego, com a sociedade ou com qualquer outra coisa? Fica uma dica: saia do virtual e vá batalhar no real, volte para o mundo e deixe de se esconder atrás de uma ferramenta tecnológica. Assuma suas responsabilidades e vá realmente fazer algo que valha a pena e não falo de encaminhar e-mails e correntes, pois creia, isso não muda nada, pois voltamos a questão informação. O que muda é conhecimento, é atitude e, para isso, precisamos mudar e retomar as rédeas da nossa vida.
Nunca tivemos tantos zumbis como agora, talvez isso explique a fixação de muitos em filmes do gênero e vendo pelo lado da psicologia, é a identificação entre o real e o imaginário. Pessoas se comportam como verdadeiros “mortos-vivos”, simplesmente clicando e compartilhando, porém, sem pensar em nada.
Pensar é algo que o ser humano, pelo menos boa parte, precisa aprender a fazer. No começo dói um pouco, mas depois nos acostumamos.
E ai, vai continuar falando que a culpa é do outro? A escolha é sua, mas lembre-se, o mundo não tem pena de você e o mercado não tem espaço para os fracos.
Termino com uma música que gosto muito e que fala também um pouco sobre o que conversamos.
Walk On – U2 (Continue em frente)