Não gosto de política

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Essa é uma fala comum entre muitas pessoas e também pode ser a sua. Mas deixa eu te falar uma coisa: não tenho boas notícias para você.

Goste ou não você da política, ela é inerente ao ser humano. Nós somos seres políticos por natureza, nascemos fazendo política e morremos fazendo política, embora muitos não tenham essa consciência e acabem criando essa resistência, que até é compreensível do ponto de vista da politicagem barata e podre que se faz, mas vamos reforçar, somos seres essencialmente políticos!

Uma das definições que podemos dar para a política é a de que ela é um conjunto de regras ou normas de uma instituição, ou ainda, a forma de relacionamento entre diversas pessoas para atingir um objetivo comum.

Antigamente, quando eu ouvia alguém falando que não gosta de política, ironicamente eu mandava a pessoa morrer que passava. Mas já me corrigi, afinal, na acepção ampla do termo, morrer também é um ato político, pois existe a junção de algumas pessoas em torno de um objetivo comum, que é o de enterrar o defunto. Assim sendo, mesmo morrendo você continuará fazendo política.

Por sermos seres sociais, ou seja, que precisamos do convívio com outras pessoas para sobreviver, inerentemente também somos seres políticos, uma vez que haverá sempre um jogo de interesses e um lado tentando convencer o outro de alguma coisa.

Mas, acima dos jogos de interesse e dos convencimentos, existem questões que não deveriam ter “lado”, pois elas dizem respeito ao bem comum, que é o objetivo primeiro de toda ação política.

No entanto, dadas as desvirtuações e aberrações políticas que temos vivenciado, mesmo as questões de bem comum estão sendo colocadas em segundo plano, prevalecendo apenas o interesse de um grupo de pessoas.

Isso não é política, isso é mero jogo sujo de poder a qualquer custo. Isso é a inversão dos valores éticos, portanto, é a subversão do interesse coletivo em detrimento do bem-estar e realização de uma meia dúzia de privilegiados. Reafirmo, isso não é política.

Se sua repulsa é contra isso, saiba que você é mais político do que você imagina, pois sua negação a esse sistema subvertido já é um ato político por si só, um ato de luta por um sistema mais justo e isso é a verdadeira política. Talvez você não tenha essa consciência e esteja colocando todos os fatores num mesmo cesto, mas não, eles não se misturam e são coisas totalmente distintas.

O papel político que compete a cada cidadão consciente é exatamente esse, ou seja, o de lutar contra essa aberração que hoje chamam de política.

A luta deverá sempre ser para o bem comum, para que todos possam ter as mesmas condições de igualdade, de direitos e de deveres, sendo essas as bases de uma sociedade justa.

Nunca haverá consenso entre todos, isso é ilusório, mas a luta terá que ser sempre no sentido da maioria e nunca para privilegiar uma minoria.

A prática política é a arte da oratória, da argumentação, da exposição de ideias e do convencimento, mas baseado em fatos, em ideais e nunca na opressão, no medo e na coerção.

Todos nós temos o direito de expor nossas ideias e lutarmos por elas, desde que as nossas ideias não subjuguem outros, pois nesse caso, estamos sendo tiranos e não políticos.

Entendeu que o problema nunca foi a política e não é dela que você tem aversão? Você tem aversão pelo que é errado, pelo desvirtuamento que se praticou com a política e isso só prova que você é uma pessoa boa, que deseja uma sociedade justa e que o senso do bem-estar geral está em seu ser.

Nosso compromisso e nosso dever é o de não darmos espaço a esses subvertidos que hoje se infiltraram no poder, dando-lhes autonomia para implantar a tirania e destruir os sonhos de milhares de pessoas.

Como toda notícia sempre tem um lado bom e um ruim, você já leu o bom, que é onde eu falo que você é uma boa pessoa e que sua briga não é contra a política, mas com o que dela se fez.

A notícia ruim é que infelizmente só existem dois lados nessa moeda. Ou você está do lado dos que prezam pelo bem comum e luta por ele, ou você está do lado dos que oprimem, portanto, do lado dos que subvertem a ordem e o interesse público em prol dos próprios interesses. Quando você se cala e se omite, você concorda, portanto, você assume que compactua com o erro.

Nosso momento não nos permite a inércia, não nos permite ficar em cima do muro, não nos permite a omissão. Nosso momento é de tomar posições e escolhermos do lado de quem vamos querer ser retratados quando essa história for contada.

Nesse exato momento nós estamos fazendo história. Escolha seu lado, escolha sua posição e arque com o preço pela sua escolha.

Meu lado dessa história eu já decidi faz tempo. Como me considero Cristão, no sentido mais puro do termo, pois embora aceite os ensinamentos de Cristo, hoje não me vinculo a nenhuma religião, mas os ensinamentos deixados por Cristo são claros e não deixam dúvidas: eu estou do lado das Ágathas, das Jenifers, dos Kauãns, das Letícias, das Grettas e das Marielles, das Marias e dos Joãos e tantos outros que são massacrados todos os dias, pessoas marginalizadas exatamente pelo sistema que prega a subversão política, mas que depois se encarrega de matá-las e rotulá-las de traficantes, prostitutas e tantos outros termos depreciativos, culpando-as pelo próprio infortúnio, sendo que eles bem sabem que elas nunca tiveram chances de competir em condições de igualdade!

Não consigo ficar indiferente ao sofrimento alheio, as lágrimas escorrem involuntariamente cada vez que vejo uma pessoa pedindo comida, “morando” embaixo de uma ponte, sendo humilhada e chamada de vagabunda, quando na verdade o que lhe faltou foi uma política de justiça e igualdade social.

Acredito que o ser humano é bom por natureza, acredito numa sociedade onde as pessoas não precisem se humilhar para comer, acredito numa sociedade onde o trabalhador possa, ao final do dia, ter uma cama para repousar.

Pode até ser utópico, mas melhor ser utópico e sonhar com um mundo melhor do que simplesmente aceitar essa realidade tão sofrida e injusta.

Lute com o que você tiver, só não se omita e só não aceite pacificamente esse inferno instaurado.

Se você se considera também um Cristão, haja como tal. Ser cristão não é ir para um templo, dar uma esmola, pagar o dízimo e voltar para casa como se tudo estivesse em ordem e que sua obrigação já está feita.

Se você age dessa forma, você não passa de um hipócrita, daqueles que Jesus escorraçou do Templo.  Aliás, você é um daqueles que se Jesus voltasse hoje, certamente estaria lá na multidão mandando crucificá-lo outra vez, chamando-o de comunista safado, esquerdopata nojento e por aí vai, afinal, atualmente, qualquer um que tome a defesa das minorias é alguém que não presta e que precisa ser eliminado!

Finalizo reafirmando que fazer política é algo inerente a nossa condição humana, portanto, apenas escolha de qual lado você quer estar e lembre-se, nesse caso, só existem dois lados.

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