Aprender a se desapegar do passado não é uma tarefa fácil e talvez você saiba disso. E, quando falo do passado, não estou somente falando de alguns anos, estou falando de gerações, de séculos, de milênios. Às vezes, sequer o tempo cura.
Exagero? Veja alguns exemplos e tire suas próprias conclusões. Até hoje, passados mais de dois mil anos do início da Era Cristã, as religiões ainda usam princípios de antes de Cristo, para continuar brigando e promovendo “Guerras Santas”.
Num passado nem tão distante, temos o nazismo e todos os seus horrores e, ainda assim, novamente a humanidade está às voltas com ele, ganhando novos simpatizantes a cada dia. Mais insana ainda é a discussão se o nazismo é de direita ou esquerda, como se discutir essa dualidade fosse resolver ou justificar alguma coisa.
Poderia citar muitos outros exemplos, mas não é o caso, afinal, meu objetivo hoje é falar sobre os sentimentos que nutrimos pelo passado. Tudo o que acontece em nossas vidas tem um objetivo, nosso passado não pode se transformar num objeto de punição ou tortura, mas de aprendizado.
Também não estou falando de autoajuda ou de religião, dizendo que você tem que perdoar senão vai para o inferno, afinal, se esse for o argumento, só prova que o passado, de alguma forma, ainda permanece com suas amarras, se escondendo atrás de velhos dogmas.
Não se trata de esquecer ou perdoar o passado, mas sim, do que podemos aprender com ele. Cada situação vivida deixará marcas, boas ou ruins, mas deixará sua impressão em nossa alma.
Como o passado deixou sua impressão, dificilmente será esquecido por nós e, acredito, talvez o objetivo seja esse mesmo, não ser esquecido, pois se esquecêssemos, correríamos o risco de incorrer sempre nas mesmas coisas.
O passado é para nossa alma a mesma coisa que uma cicatriz é para o nosso corpo, sempre nos contará uma história e, mesmo uma cicatriz, pode trazer boas recordações. O passado também é assim, ainda que não seja tão bom, pode nos trazer bons aprendizados. A nossa maneira de olhar para essas marcas é que fará a diferença.
Aprender a olhar o passado sem raivas ou rancores, esse é um dos maiores desafios que podemos nos impor. Guardar rancor é a mesma coisa que guardar ácido sulfúrico, requer muito cuidado, pois ao menor contato vai causar estrago.
Vivemos tempos difíceis, a raiva, o descontrole, o ódio e outros sentimentos menos nobres imperam e tomam conta do dia-a-dia, no entanto, a cada amanhecer temos a chance de nos libertamos dos rancores que nos acorrentam ao passado e a fazer uma história diferente. Qual a sua escolha?
Don’t Look Back in Anger – Oasis