Educação como única solução possível

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Que a situação atual está longe de ser boa, creio que não seja dúvida para ninguém, mas como mudar esse cenário nefasto? Como pensar num futuro menos sombrio? Será que tem jeito?

Tem sim, mas não é uma solução fácil, essa mudança não se dará por um decreto ou por uma medida provisória. A solução para esse caos é única e, embora seja uma medida a médio e longo prazo, é a única possível. Estou falando da Educação.

O que vou expor a seguir é tão somente o meu ponto de vista, que não é somente meu, é claro, mas é aquilo que acredito, é minha convicção.

Nossa Constituição, que em teoria é perfeita, diz no Artigo 205, que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ”

Para mim toda a Constituição poderia ser resumida nesse artigo, pois se somente ele fosse aplicado plenamente, não teríamos praticamente nenhum dos estúpidos problemas que nos atingem, a começar pelo deplorável Congresso Nacional e o tacanho Chefe de Estado que nos dirige, muito menos nossa Suprema Corte, que é uma vergonha e uma afronta a própria Constituição.

Um povo educado é perigoso, pois segundo a definição da própria Constituição, toda pessoa educada é plenamente desenvolvida, preparada para exercer a cidadania e qualificada para o trabalho.

Vamos detalhar um pouco cada um desses pontos: um cidadão plenamente desenvolvido não aceitaria, de forma alguma, as condições sub-humanas a que milhares de brasileiros estão submetidos.

Esmiuçando esse conceito do ser humano plenamente desenvolvido, vou me amparar no psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow, que criou uma teoria amplamente estudada no mundo todo, chamada comumente de Pirâmide das Necessidades de Maslow. Nesse estudo, o autor classifica as necessidades humanas em cinco categorias, sendo elas: as necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidade de status ou estima e, por último, a necessidade de autorrealização.

Não vou me estender em cada uma das etapas, mas resumindo, elas vão das realizações das necessidades mais primitivas do ser humano, como as necessidades físicas, como fome, por exemplo, até o estágio pleno, onde o indivíduo tem o controle das suas ações, da sua independência e da sua capacidade de fazer aquilo que gosta e no qual se realiza.

Acho que essa breve explicação da teoria de Maslow é mais que suficiente para chegarmos à conclusão de que não atingimos o desenvolvimento pleno, aliás, estamos muito longe disso.

Indo para o segundo item, que é o preparo para o exercício da cidadania. Eu acredito que seria impossível e mesmo contraditório, afirmar que a pessoa está preparada para exercer sua cidadania se ele sequer conseguiu atingir as necessidades básicas.  O exercício da cidadania implica nos direitos e deveres civis, ou seja, aquilo que nos compete diretamente. São exemplos simples de cidadania: não jogar lixo na rua, respeitar as leis de trânsito, mas também o respeito aos direitos do outro, no zelo pelo bem comum, entre tantos outros. Creio que também seja desnecessário me alongar nesse item.

Falando do último item, que aborda a qualificação para o trabalho, vou apenas citar que o Brasil possui algo em torno de 14 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever. Esse número é superior a toda população de Portugal, por exemplo. A propósito, esse é o mesmo número que temos de desempregados. Não estou dizendo que todos os analfabetos estão desempregados, mas é óbvio que existe uma relação direta entre esses indicativos sociais.

Temos pessoas altamente qualificadas e desempregadas, mas é natural que para a população de baixa escolaridade, esse índice é muito mais cruel, pois para estes normalmente estão disponíveis os trabalhos mais simples e manuais, trabalhos estes que estão cada vez mais sendo executados por máquinas.

E não, a culpa não é das máquinas, mas da baixa qualificação das pessoas. Todo país desenvolvido investe maciçamente em educação, em qualificação, em pesquisa e na produção do conhecimento. O que vemos em nosso país? Escolas sucateadas, faculdades sem recursos para manter sequer as atividades básicas, corte de verbas em pesquisas e inovações e segue a lista sem fim do descaso do Estado para com o item que deveria ser a prioridade máxima desse país!

O governo promove o sucateamento descarado do ensino e, ao mesmo tempo, vemos redes de faculdades particulares promovendo a segunda graduação, na modalidade de licenciatura, como uma oportunidade de segunda renda, ou seja, a profissão de professor se transformou num bico! É assim que tratamos o que temos de mais importante, como um bico!

A realidade é bem essa mesmo e a coisa é tão crítica que os próprios alunos costumam fazer a clássica pergunta: “Professor, mas você só dá aula ou também trabalha? ”. Perdi as contas de quantas vezes ouvi isso. O problema também não é do aluno, mas sim, da nossa própria sociedade, que sequer mais considera a docência como uma profissão digna, uma profissão como qualquer outra.

Nossa realidade é triste, é crítica e, racionalmente falando, está longe de uma solução rápida, pois volto e insisto, a única solução concreta para mudar esse cenário é um investimento sério em Educação, começando pela valorização dos professores, resgatando o orgulho perdido pela atividade docente.

A Educação tem o poder de diminuir as desigualdades sociais, ao proporcionar condições de igualdade no mercado de trabalho. A Educação acaba com a dependência do Estado, pois dá a cada cidadão condições de buscar seu próprio meio de sobrevivência e de realização pessoal.

 Podemos traçar um paralelo até mesmo com um ensinamento bíblico, pois a Educação se assemelha da máxima de “não dar o peixe, mas ensinar a pescar”. Não sou contra o assistencialismo, se a pessoa está passando fome, ela tem o direito de ter o que comer e, nesse aspecto, os programas sociais tem sua importância, mas não se pode criar uma nova modalidade de escravidão com os benefícios sociais, pois isso é muito mais cruel do que os antigos troncos!

A Lei Áurea libertou-nos da escravidão física, já a Educação vem nos libertar da escravidão moral e emocional, vem dar a cada cidadão o direito de fazer seu próprio caminho. A liberdade sem o conhecimento não é plena, pois você pode até cortar as correntes que prendem o corpo ao tronco, mas as amarras da alma ainda continuam lá.

Entendeu porque o Governo não tem interesse em investir em Educação? Ela é perigosa, porque ela liberta. Um povo pensante é a arma que nenhum Governo corrupto quer enfrentar!

Que País é Esse?- Legião Urbana

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