Certamente você já deve ter ouvido essa sigla, STF, mas não é do Supremo Tribunal Federal que vou falar, vou falar do novo STF, que é o Supremo Tribunal Facebookiano, uma Corte Suprema muito, mas muito mais ágil, segura e idônea do que o desatualizado Supremo Tribunal Federal.
Podemos afirmar, sem qualquer sombra de dúvida, que o Facebook foi a maior revolução judiciária da história moderna da humanidade, pois de um momento para outro, sem a menor burocracia, acabou com o déficit de juízes, pelo contrário, estamos com um superávit judicial que, em questão de minutos, analisa, processa, julga e sentencia qualquer tipo de assunto, de brigas de bar, passando pelos problemas cotidianos de segurança, saúde e educação, chegando a temas muito mais complexos, como viagens espaciais, pesquisas genéticas, inovações tecnológicas e científicas, tudo isso resolvido, transitado e julgado com uma velocidade e um grau de eficiência jamais visto na história humana.
Os Juízes da Suprema Corte Facebookiana estão sempre prontos a emitirem seus pareceres legais sobre qualquer assunto, pois a tal da competência aqui não tem vez, todos são extremamente competentes em todos os assuntos, todos são experts em todas as áreas do conhecimento, rompendo com outro grande paradigma da sociedade antiga, onde anos e anos eram exigidos para que um especialista se fizesse, através de muitos estudos, pesquisas, teses e um árduo trabalho, mas hoje tudo ficou muito mais simples, pois com o simples fato de criar sua conta na rede social, automaticamente, por meio dos poderes investidos à santa e sagrada ferramenta, você recebe instantaneamente os conhecimentos acumulados de toda a sociedade e “voilà”, é só sair distribuindo sentenças.
Penso que nunca foi tão fácil ser boçal como na atualidade, bastam alguns cliques para mostrar ao mundo o tamanho da ignorância que em nós habita, a arrogância escondida nos recônditos da alma que saltam aos olhos na rapidez de uma conexão de banda larga, a leviandade e a falta de senso crítico que viajam pelas fibras ópticas, chegando de um canto ao outro do mundo na velocidade da luz. Chega a causar-me repulsa algumas coisas que leio, já pensei várias vezes em fechar minha conta e me isolar desse mundo chato e patético que se tornou a convivência virtual, onde todo mundo sai julgando tudo, sem qualquer critério senão suas próprias ideias, normalmente esdrúxulas, pois também é fato que quanto mais a pessoa deveria ficar quieta, mais ela fala (talvez sirva a mim também).
É impressionante como nada mais tem valor, estudos de anos e anos são questionados por pessoas que sequer sabem ler e escrever, mas que já se sentem preparadas para emitir suas opiniões especializadas e acabar com cientistas que dedicaram anos, às vezes, praticamente a vida a um estudo, mas que algum ser patético resolveu achar que aquilo não é verdadeiro ou que não serve para nada. Uma coisa é exercer seu direito de questionar, de tirar dúvidas, de não se calar, mas não é isso que vejo, e sim, pura e simplesmente uma vontade de impor a sagrada bestialidade, o sacrossanto direito de ser imbecil a qualquer custo.
Ninguém está falando que você não pode falar ou criticar, mas para poder criticar algo eu tenho que fazer melhor, tenho que saber mais do que a quem critica, senão a crítica, ao invés de ser construtiva, não passará de um monte de recalque traduzido em meia dúzia de palavras escritas com o amargor e azedume da ignorância, pura e simples.
Uma coisa que acho muito interessante e que, pelo menos aos meus cálculos, não fecham é que se todo mundo que critica por aqui fizesse sua parte, talvez nem tivéssemos mais o que criticar, pois os problemas sequer existiriam, fato que me leva a crer que as pessoas estão exercendo outro grande direito, o direito de ser hipócritas e chatas.
Declaro aberta mais uma sessão do STF, onde o réu André Luís Belini já está em pé e pronto para receber suas sentenças. E que comece a malhação, amém.