Existe o tempo de mudar o mundo, existe o tempo de fazer acontecer, existe o tempo de viver a vida num único dia, existe o tempo em que achamos que o fim nunca vai chegar para nós e isso nos torna, praticamente, imortais.
Mas também existe o tempo em que o próprio tempo vai passando e vamos percebendo coisas antes impensáveis, existe o tempo em que experimentamos novas realidades, o tempo em que passamos a ver coisas tão simples, que de tão simples que são, nos encantam e nos questionamos como nunca antes tínhamos prestado atenção.
Um dia você acorda e percebe que o tempo passou, que seu corpo não é mais o mesmo, mas que mais que o seu corpo, a sua alma não é mais a mesma. Inicialmente, isso assusta, mas depois você vai percebendo que não tem tempo para essas bobagens de medo.
Nesse dia, você começa a entender o significado daquela frase que sempre ouviu, de que “a vida é muito curta”, assim como a frase “viva como se hoje fosse seu último dia” faz todo o sentido, até porque, você percebe que ele pode ser mesmo, pois aquela certeza da imortalidade já passou.
Os medos vão mudando de lugar, deixam de pertencer ao futuro e passam a pertencer ao passado, afinal, você já não tem mais certeza de nada. Será que as escolhas feitas foram as certas?
Então você se dá conta que essas perguntas também já não fazem muito sentido, afinal, certo ou errado para quem? A única pergunta que agora importa é se você pode viver bem com suas escolhas? Chego à conclusão que posso, elas foram as melhores que eu poderia ter feito e é isso o que vale.
Nesse novo despertar, você também aprende que o que menos importa são as opiniões e críticas alheias. Todos são especialistas em resolver tudo, menos a própria vida, então, que pensem o que bem entender. A opinião do outro é do outro, não sua, você pode até aceitar, mas por sua escolha e nunca por imposição.
Você percebe que seus maiores problemas aconteceram quando, de alguma forma, você viveu mais a vida do outro do que a sua. Família é oportunidade de crescimento, amizades são chances de nos tornarmos seres humanos melhores, bons amores são dádivas que recebemos, mas nenhuma pessoa tem o direito de pedir para que você abra mão da sua vida para viver a dela.
Essa forma diferente de ver e viver a vida não te dá o direito de desrespeitar ninguém, mas acima de tudo, te dá o dever de não se desrespeitar!
Chega o tempo em que você se dá conta de que não fez muita coisa que falou que iria fazer, mas isso também não é relevante, porque aquela prepotência de achar que tinha a missão de mudar o mundo, também já passou.
Nunca haverá tempo para mudar o outro, talvez seja essa a percepção que nos falte em boa parte da nossa vida. O tempo que me foi dado, só serve para mim. Nossa missão nunca será mudar o outro, mas a nós mesmos.
O tempo vai nos dando a sabedoria para distinguir entre o que podemos fazer e o que o outro espera de nós. Nosso único compromisso é com o que podemos fazer.
Não digo que o tempo nos faz egoístas, afinal, entre as coisas que posso fazer está a possibilidade de querer um mundo melhor e isso pode ser um objetivo, mas lembre-se, ajude, faça tudo o que puder, mas cobre o resultado somente de você mesmo, o outro se tornará melhor se ele quiser e isso não é um problema seu.
O tempo não é meu, não é seu, não é de ninguém, o tempo é da vida. Ela dita o ritmo, cabe a nós, aprendermos a respeitar esse tempo.
Com o tempo vamos aprendendo que não adianta ter felicidade, é importante ser feliz. O ter reside em algo temporário, transitório, já o ser é atemporal e infinito.
O tempo entre a chegada e a partida é tão curto que vamos aprendendo que ter razão não muda nada, o importante é ter paz e aprender a sorrir, principalmente o sorriso da alma, o sorriso que reflete nossa luz interna e ilumina não somente nossos passos, mas de todos aqueles que estão ao nosso redor e isso, sem dúvida, é algo que todos podemos fazer sem depender ou exigir nada de ninguém.
Tocando em Frente – Almir Sater