Gosto de gente simples, que não tem frescura, que é autêntica, que fala alto, que abraça, que fala o que pensa.
A simplicidade me encanta, talvez por ensejar uma certa pureza, típica de almas evoluídas. Se você se atentar, vai perceber que as pessoas mais simples trazem em si, uma sabedoria que não se explica e, talvez, essa mística é que traga toda a beleza.
Ser instruído é muito diferente de ser sábio. A instrução se aprende nos bancos escolares, já a sabedoria, se aprende na vida.
Gosto do sábio que fala errado, que às vezes, sequer é alfabetizado, mas que sabe como ninguém apreciar a vida e valorizar o belo. Também gosto do sábio que é extremamente instruído, mas que não perdeu a simplicidade e a humildade. Gosto de gente simples!
O sábio é feliz, pois alcança a felicidade nas coisas simples da vida. Você não precisa de dinheiro ou instrução para parar alguns minutos e observar um pôr do sol ou o nascer de um novo dia, apreciar uma lua cheia, sentar-se à sombra de uma árvore e ouvir os pássaros cantando. É sábio aquele que sabe apreciar as coisas simples da vida.
A simplicidade é elegante, naturalmente sofisticada, sem ser soberba. Manter a simplicidade é uma árdua tarefa, pois com a inversão de valores que vivemos nos dias atuais, a simplicidade pode ser vista como um defeito ou como demérito, mas não é!
Em tempos tão difíceis, talvez seja necessário promover um resgate da simplicidade, aquele olhar quase ingênuo, aquela simplicidade da sabedoria que foi se perdendo, daquela xícara de chá dos nossos avós, mas curava tudo.
Você já parou para pensar que boa parte das coisas que hoje temos como importantes, foram criadas para resolver problemas que simplesmente não existiam antes dessas coisas serem criadas? É meio louco, mas é isso mesmo, as necessidades são geradas para que soluções possam ser criadas e nos convencem que não podemos mais viver sem aquela birosca. O pior? Nós acreditamos nisso.
Quer um exemplo prático? Um dos males do século é o medo da solidão, que gera ansiedade e vários outros distúrbios. Para resolver isso, criam-se remédios altamente sofisticados, que vão gerando outras dependências. Os aplicativos de redes sociais e tantos outros que permitem a interação entre as pessoas, de alguma forma, buscam minimizar também esses impactos. Nada contra, também uso, mas que tal começar a conversar mais com quem está do seu lado?
Quando eu era criança a rede social mais utilizada era sentar na calçada e conversar com os vizinhos. Funcionava tão bem, que até quando a energia elétrica caia era possível usar. Hoje, alguns minutos sem energia elétrica e tem gente entrando em pânico.
Costumo pensar que todos nós estamos numa grande UTI. Isso mesmo, de alguma forma, a grande maioria de nós precisa de máquinas para viver: celular, computador, televisão e tantos outros. Vivemos às custas de aparelhos, nos deixamos escravizar por eles e, como consequência, pagamos um alto preço.
A simplicidade me emociona e nem quero saber o motivo, prefiro apenas sentir essa emoção e viver essa simplicidade, que está em todos nós, mas que foi se perdendo ao longo do tempo.
Gosto de gente simples, que fala olhando nos olhos, que aperta a mão com força, que abraça apertado, gosto de gente que é simples, elegante, gente que é gente.