Era uma vez

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Você gosta de contos de fadas? Eu gosto! Acho que pela forma lúdica com que eles contam fatos importantes, levam as pessoas a refletirem de uma forma que normalmente elas não fariam, muitas vezes, até sem perceber. Vou contar um, acompanhe:

Era uma vez, numa terra distante, um rei que estava com sérios problemas. Seu reino estava cercado de problemas econômicos, éticos e morais, era um verdadeiro caos.

Esse rei precisava de dinheiro para continuar sustentando toda a corrupção do império, que aumentava muito. A solução mais fácil era aumentar os tributos, mas seus súditos já não aguentavam mais tantas taxas e a angústia do rei aumentava.

O rei tinha uma grande reserva de dinheiro, que era do povo, mas que ele guardava. Esse dinheiro era uma garantia que os trabalhadores tinham, um imposto que tanto o trabalhador quanto o empregador depositavam numa conta que era administrada pelo rei, mas que pertencia ao trabalhador, portanto, o rei tinha uma fortuna na sua conta, mas não podia usar.

Foi então que o rei e seus auxiliares tiveram uma ideia fantástica. Generosamente, eles doariam esse dinheiro ao trabalhador! Sim, isso mesmo, os trabalhadores poderiam pegar esse dinheiro, que já era deles, e poderiam usar como quisessem.

Os súditos acharam a ideia genial, alguns deram graças a rei, que com esse gesto tão nobre, até conseguiu melhorar um pouco a sua desgastada imagem.

Os jornais logo se encarregaram de fazer um alvoroço com a notícia, os comércios arrumaram promoções para incentivar os súditos a gastarem essa benesse que o rei estava proporcionando, os bancos já ficaram de olho nesse dinheiro e a economia do reino se agitou.

Porém, os súditos estavam endividados até a alma e esse dinheiro, na sua quase totalidade, foi usado para pagar dívidas e pouca coisa realmente foi para beneficiar o trabalhador. Os súditos pagaram contas de energia em atraso, juros para bancos e inúmeras outras contas, mas isso trouxe um certo alívio, só que os súditos não se deram conta que esse dinheiro só iria existir uma vez.

O rei estava animado, seu plano funcionava muito bem. Aquele dinheiro que estava na conta dele e que ele não podia usar, agora, em pouco tempo, estava retornando aos seus cofres, na forma de impostos, ou seja, ele deixou o dinheiro sair, mas já sabia que ele retornaria rapidinho e o melhor de tudo, agora esse dinheiro não pertencia mais ao povo, era dele, só dele e ele poderia fazer o que bem entendesse com essa fortuna, sem precisar se preocupar com mais nada.

Foi uma estratégia digna de um grande rei, que de uma só, melhorou sua imagem para com os súditos, aumentou sua receita e pode continuar financiando seus luxos e o povo ainda o agradecia, afinal, ele tinha, generosamente, permitido que os súditos pagassem parte das suas dívidas, que não acabam nunca.

Com o pouco dinheiro que sobrou, os súditos também se divertiam, afinal, eles mereciam. Eles compraram cervejas, feitas com milho transgênico, carnes podres, melhoradas com produtos cancerígenos e fizeram um churrasquinho, tudo isso assistindo uma partida de futebol, jogada num estádio majestoso, construído com muito dinheiro público, em obras superfaturadas.

Viva longa ao rei! E todos viveram felizes para sempre…

 

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