Sofia era a luz na vida dos seus pais, Sofia era um anjo que trazia a paz, Sofia só brincava, mas ali, naquele brinquedo, seu mundo acabava.
Junto com o mundo da Sofia, também se foi o mundo dos seus pais. Mais uma família destruída, mais um lar que nunca mais terá a paz, o sorriso, quem sabe o amor, afinal, diante de tanta dor, impera somente o torpor.
Sofia, palavra que significa sabedoria, por ironia, só não sabia que aquele seria seu último passeio, seu último beijo, seu último sorriso. A sua luz ganhou um tom forte, vermelho vivo, um vermelho que era seu sangue e que ali corria, se esvairia.
Desesperador ver a dor de um pai com sua filha nos braços, gritando, correndo, morrendo. Sofia morria, mas sequer sabia o que lhe acontecia, Sofia apenas partia.
Será que alguma dor ou medo ela sentiu ou somente dormiu? O seu rosto angelical, que outrora trazia a beleza expressa na forma da pureza, agora tem uma marca bem diferente, a marca da maldade humana, mundana, profana.
Sofia partiu, partiu também o coração dos seus pais, da sua família, amigos e um pouco do nosso coração também, que sempre deposita, no sorriso de uma criança, uma ponta de esperança, esperança essa que, sem pressa, vai morrendo com cada inocente, que daqui é ceifado de repente.
Para o Estado, Sofia virou estatística, para os pais, dor e sofrimento, para a sociedade, o retrato da maldade humana, que mata e maltrata, sem se importar com quem.
Manifestos? Protestos? Por mais doída que seja sua partida, Sofia será esquecida. Seus pais serão os únicos que sofrerão, todos os dias, a dor da solidão.
Sofia, que agora você possa encontrar luz e paz. Aos seus pais, desejo que mantenham a lucidez e que encontrem uma forma de suportar essa dor, que só quem já por ela passou, pode entender.
Sofia Lara, morta pela negligência de um Estado falido e de uma sociedade omissa, em 22/01/2017 – Perdão e descanse em paz!